Aumentou o número de empresas brasileiras que estão fazendo IPO nos EUA

IPOs no Brasil sobem 400%, acumulando mais de R$ 57 bilhões

Segundo o portal InvestNews, o número de empresas brasileiras escolhendo fazer seu Initial Public Offering (IPO), ou oferta pública inicial, bateu recorde este ano nos EUA. De acordo com a provedora de dados financeiros, Economatica, até o dia 13 de outubro de 2021, já havia 11 empresas com IPO nos EUA e em outros países, quatro apenas este ano. O destaque é para as empresas do setor tecnológico.

Diversos motivos levam à abertura de IPO nos EUA. De acordo com os especialistas entrevistados pela InvestNews, alguns deles são:

Melhor visibilidade

Segundo Fernando Martin, analista da Levante Ideias de Investimentos, é possível que a empresa com nome no exterior tenha mais notoriedade, podendo ter uma melhor avaliação e chegar a múltiplos de negociação maiores. 

“Normalmente, as empresas conseguem uma avaliação diferenciada em relação ao que conseguiriam no Brasil. De certa forma, isso enriquece o controlador, acionista e faz com que seu patrimônio seja melhor avaliado, apreciado”, afirmou Martin.

Melhores múltiplos

Segundo o sócio-fundador da Zahl Investimentos, Flávio de Oliveira, os múltiplos são mais altos no exterior, como nos Estados Unidos, que possuem a bolsa de valores mais desenvolvida, com menos juros e mais liquidez. “Em teoria, o dinheiro que está lá tem mais dificuldade de escoar diretamente para cá. Faz mais sentido abrir o capital no exterior porque o múltiplo sai mais alto”, comentou Flávio.

Volume maior de negociações

O número de investidores dos Estados Unidos é maior que na B3. Cerca de 50% da população investe na bolsa de valores de lá – no Brasil, é cerca de 1,5%. “O exterior tem muita disponibilidade de dinheiro. Os Estados Unidos são um país com uma população infinitamente mais rica, com maior número de investidores e em um mercado de capitais muito mais pujante e participativo do que aqui”, disse Flávio.

Volume de IPOs no Brasil bate recorde e sobe 400%

Segundo a Bloomberg, mesmo antes de 2021 acabar, as IPOs das empresas brasileiras já estão em seu melhor ano de todos.

De acordo com o boletim de dados realizado pela Bloomberg, só neste ano as IPOs das empresas brasileiras já acumularam mais de R$ 57 bilhões, superando o recorde anterior de R$ 53,6 bilhões acumulados em 2007, ano em que 60 empresas abriram o capital.

“Perspectivas de retomada da atividade econômica após a significativa contração decorrente da Covid também têm sido um fator importante”, afirma o co-diretor da área de banco de investimentos do Goldman Sachs Brasil, Ricardo Bellissi.

Desde o começo do ano até agosto, o número de IPOs no Brasil aumentou mais de 400% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Bloomberg.

De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os fundos de ações brasileiros tinham aproximadamente R$ 700 bilhões sob gestão em junho, e no final de 2007 eram R$ 170 bilhões. Os fundos multimercado, que também podem investir em ações, foram de R$ 276 bilhões para aproximadamente R$ 1,6 trilhão no mesmo período, o que indica um recorde no número de ingressos.

Não apenas as empresas brasileiras podem fazer uma IPO nos EUA. Caso uma empresa de outro país faça uma IPO no Brasil, ela vai precisar que toda a documentação feita em língua estrangeira passe por tradução juramentada.

Esse trabalho é feito por um tradutor juramentado, o qual é habilitado em um ou mais idiomas e precisa passar por um concurso público para atuar. Já os órgãos do governo precisam da tradução juramentada registrada na Junta Comercial para autenticar os documentos originalmente em língua estrangeira.