Além disso, mercado erótico também passa por modificações na sua forma de produzir nas últimas duas décadas
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico (Abeme), a quantidade de negócios focados no mercado erótico no ano de 2020 triplicou em relação ao ano de 2019. A análise foi feita em fevereiro deste ano, apontando que 76% das 135 empresas analisadas obtiveram crescimento durante a pandemia da Covid-19, aumentando, em média, 10% nas vendas em comparação com o período anterior. Estima-se que há, atualmente, 100 fornecedores, empresas brasileiras, importadores e distribuidores, 50 mil vendedores porta a porta e 9 mil pontos de venda.
Os empreendedores alegam que o comportamento do consumidor também passou por mudanças: 47,4% perceberam um crescimento de clientes que buscavam trazer novidades aos seus relacionamentos. As pessoas solteiras também começaram a consumir mais produtos do mercado erótico, de acordo com 18,4% dos entrevistados.
O Dia dos Namorados, por exemplo, período considerado o Natal para quem é dono de sex shop, é a época em que são esperadas altas no setor. O relatório ainda mostra que o isolamento social fez com que novos clientes fossem atraídos, para metade dos entrevistados na pesquisa. Neste ano, aproximadamente 81,6% dos entrevistados creem que vão crescer mais. Desses, 40% acreditam em uma média de 20% a 30% de expansão.
Novo momento no mercado erótico
De acordo com especialistas, há um novo momento em relação ao mercado erótico e do prazer. “Vamos cada vez gozar mais e transar menos”, aponta Michel Alcoforado, antropólogo e sócio-fundador do Grupo Consumoteca. “Estamos vivendo uma quebra da visão de que a distorção é um sexo pior. Na verdade, são dois olhares distintos sobre o prazer”, completa.
Esse fenômeno é instigado, principalmente, porque os Millennials, ou seja, a geração que se encontra entre 18 e 35 anos, enxergam o sexo como uma forma de bem-estar. O antropólogo percebe o momento como uma virada individualista. “Na geração dos nossos pais, o sexo era a conquista da liberdade, uma forma de exploração do próprio corpo, o que era proibido”, comenta. “Hoje vemos no mundo todo uma queda do sexo entre os mais jovens, e os brinquedos sexuais trazem o prazer sem ter o outro.”
De acordo com análise do grupo, 4% dos consumidores do mercado erótico adquiriram seus primeiros produtos sexuais durante a pandemia da Covid-19; 4% deles já compravam antes mesmo disso e reforçaram a frequência de compras após a pandemia. Ainda foi apontado que os sex shops também passaram por uma releitura nas últimas duas décadas, não sendo mais focados em produtos ruins e destinados ao prazer masculino, apenas. O olhar para o prazer feminino tem se feito mais presente. Nesse sentido, é importante ressaltar que, de acordo com a pesquisa da Abeme, das 135 empresas entrevistadas, 76% eram lideradas por mulheres, e 47% trabalham por conta própria, sem colaboradores.