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Endividamento em alta: o que fazer para organizar as suas dívidas e começar a investir mesmo com a pandemia?

Há mais ou menos um ano, a pandemia da Covid-19 passou a fazer parte da vida e da realidade das pessoas de todo o mundo. A necessidade de distanciamento trouxe um cenário inesperado para a economia e renda dos brasileiros.

O PIB brasileiro encolheu cerca de 4% em 2020, e os últimos boletins do relatório Focus, divulgados pelo Banco Central, mostram que, apesar da melhora nas perspectivas, ainda temos um longo caminho a ser percorrido.

Com esse panorama, o número de desempregados no Brasil bateu a marca de 14 milhões de pessoas, cerca de 14% da população, de acordo com dados do IBGE.

Além disso, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o percentual de pessoas endividadas bateu a marca de 68% no mês de maio, a sexta alta consecutiva.

Para ajudar, o especialista em finanças e sócio do 10xBank, Paulo Cezar, listou algumas dicas para ajudar quem tem dívidas em atraso. 

Confira!

Faça um raio X completo das contas

Esse deve ser o primeiro passo na hora de organizar as finanças, especialmente se a pessoa tem dívidas. De acordo com o especialista Paulo Cezar, é preciso sentar com a família e listar as principais despesas para entender a origem de cada uma delas.

“Tudo vai depender do orçamento da família. Em geral, pessoas desempregadas não têm muito espaço de manobra. Neste caso, buscar uma renda extra é uma excelente alternativa. Mas é preciso que todos tenham bom senso e busquem as fontes de gastos e as eliminem ou reduzam. Você pode escolher cancelar a Netflix ou o Disney +. Ficar com os dois talvez não seja o mais indicado”, comenta. 

Negociações e compras

Se uma pessoa possui dívidas ou precisa consertar o carro e não tem como escapar daquela despesa, a busca por alternativas deve ser a pedida. “Busque parcelamentos que não acrescentem juros. Mesmo se você tiver o dinheiro, parcelar não é má ideia desde que os custos não sejam maiores do que realmente são. Além disso, ao negociar uma dívida, tente dar uma entrada no montante total para dividir o restante. Isto sem dúvida ajudará a reduzir as taxas no fim do dia”, explica Paulo Cezar.

Contas em bancos

É comum encontrar pessoas que possuem conta corrente em mais de um banco. O grande problema reside nos custos. Os bancos tradicionais costumam cobrar taxas sem oferecer contrapartidas relevantes para os clientes. 

“Busque bancos digitais sem custos, inclusive para cartões de crédito. O conceito de open banking vai revolucionar este mercado. As taxas pagas não serão em vão, isto quando houver a cobrança de taxas. Os grandes players precisarão rever este modelo tarifário e o cliente deve se valer desse benefício. Uma pessoa com conta em duas instituições tradicionais gasta cerca de R$ 60/70 por mês e não recebe benefícios importantes”, ressalta Paulo. 

Renda extra

A mudança de padrão financeiro passa diretamente pela fonte de renda das pessoas. Uma pessoa que ganha um salário-mínimo por mês dificilmente encontrará espaço no orçamento para investir em produtos financeiros. 

“Como eu disse, é preciso buscar alternativas. Novamente tudo vai depender do padrão de vida e escolaridade de cada um, mas se a venda de bolos no pote for um caminho, é preciso olhar para ele. Dificilmente alguém muda de patamar ganhando o mesmo salário durante a vida. Eu mesmo já indiquei que uma pessoa cantasse em bares e restaurantes para ganhar um pouco mais”, revela Paulo Cezar, que também foi empresário do cantor Gusttavo Lima. 

Comece a investir

O primeiro caminho recomendado pelo especialista é criar uma reserva de emergência por conta de instabilidades na economia. A dupla compartilha da opinião de que é falsa a ideia de estabilidade no emprego, e todos estão sujeitos a demissões o tempo inteiro. Isso por conta das condições econômicas, das quais as empresas dependem o tempo inteiro. Não é possível manter funcionários e operações sem faturamento. Nesse sentido, eles indicam que seja criada uma carteira de investimentos de baixo risco com o equivalente a, no mínimo, seis meses de despesas.