Levantamento ainda mostra que 51% dos estudantes de escolas públicas assumiram outras responsabilidades durante pandemia da Covid-19
Segundo levantamento realizado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), contando com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Itaú Social, em todas as redes municipais de ensino do Brasil, o ensino híbrido (aulas presenciais e remotas) foi adotado por grande parte das redes com administração da prefeitura. O fenômeno ocorreu desde o retorno às escolas, no segundo semestre de 2021.
O estudo, que contou com a participação de 2.851 municípios e aproximadamente 12 milhões de estudantes em anos iniciais do ensino fundamental, também informou que entre 12% e 14% das redes ainda mantinham, na ocasião, o ensino totalmente remoto. Além disso, 52,7% das redes aderiram ao esquema de aulas remotas e presenciais; 34,6%, de forma integral nas salas de aula; e 12,7%, apenas on-line. Em relação aos últimos anos do ensino fundamental, esses números são de 53%, 33% e 14%, respectivamente.
“Ainda temos uma média de 14% que não retomaram o ensino presencial, o que é preocupante. A grande maioria já voltou com presenciais e combinados com remoto e presencial. Esperamos que o híbrido fique, mas com tecnologia. Agora, a volta vai depender da pandemia. Vivemos a incerteza de uma nova variante. Se não se mostrar agressiva, vamos voltar totalmente”, declara o dirigente municipal de educação de Sud Mennucci (SP) e presidente da Undime.
O dirigente ainda aponta impressões sobre a variante do coronavírus. “Vivemos a incerteza de uma nova variante. Se não se mostrar agressiva, vamos voltar. A partir da pesquisa, vamos perguntar [para as redes] que não retornaram ao presencial, o que precisam para retornar. A variante ainda não apontou agravamento, mas sempre teremos protocolos como elemento norteador”, afirma.
De acordo com o representante do Unicef do Brasil, o ensino remoto também possui limites, citando alguns deles, como o acesso à internet e a questão estrutural de dentro de casa. “A pandemia deixou claro como a escola presencial é fundamental para garantir direito à educação adequada, com proteção à saúde mental e também proteger as crianças e adolescentes da violência”, comenta. Importante ressaltar que cursos on-line são realizados totalmente de forma remota.
Pandemia da Covid-19 aumentou desigualdades na área da educação
Nesse sentido, segundo pesquisa feita pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) com o Instituto Vox Populi, a falta de acesso a equipamentos e suporte pedagógico afetou negativamente estudantes, essencialmente os que estão no ensino médio, em 2020 e 2021. O estudo consultou 1.500 alunos desse nível escolar da rede pública de ensino. Além disso, também foram ouvidos 500 estudantes da rede particular para que fosse compreendido os desafios centrais enfrentados na pandemia da Covid-19.
O resultado da pesquisa foi apresentado no dia 16 de dezembro de 2021 durante audiência pública da Comissão de Educação da Câmara. Representante do Inesc apontou que, durante o período pandêmico, 51% dos estudantes de escolas públicas assumiram outras responsabilidades, como trabalhos em casa ou fora dela.
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