Além das consequências da pandemia, a flexibilidade que o modelo remoto oferece vem atraindo novos estudantes nos últimos anos
Dados da 11ª edição do Mapa do Ensino Superior 2021, divulgados pelo Instituto Semesp, mostram um crescimento de 9,8% da educação a distância no primeiro semestre do ano, considerando apenas as matrículas nas universidades privadas do país. Esses números se contrapõem aos das aulas presenciais, cuja queda foi de 8,9% no mesmo período. O levantamento tem como base o Censo do Ensino Superior 2019.
Especialistas apontam que a pandemia da Covid-19 foi uma das principais responsáveis por provocar e acelerar o processo de alteração no sistema educacional, impactando diretamente o mercado de trabalho. Segundo pesquisa realizada pela Organização Kaspersky, 53% dos profissionais brasileiros passaram a considerar uma mudança de emprego devido à pandemia, forçando uma transição de carreira e adaptação às novas modalidades de ensino.
Além das restrições sociais impostas pela crise sanitária mundial desde março de 2020, outro fator que contribuiu diretamente para o aumento do EAD no Brasil é a flexibilidade que o modelo oferece. Assim, o curso a distância vem ganhando cada vez mais espaço e conquistando muitas pessoas que passaram a conciliar o trabalho com os estudos.
Apesar da maior aceitação por esse tipo de sistema após a pandemia do coronavírus, a modalidade remota já vinha registrando crescimento nos últimos anos, principalmente desde 2018. Na época, as matrículas de EAD nas universidades brasileiras representavam 24,3%, enquanto no ano seguinte esse número subiu para 28,5%. Em números totais, foram 2,29 milhões de inscrições em faculdades privadas.
Cursos mais procurados
Pela limitação física que a educação a distância oferece, grande parte das formações mais procuradas pelos estudantes são aquelas mais teóricas. Assim, dentre os cursos com mais destaque no EAD, estão Administração, Contabilidade, Gestão de Pessoas, Matemática, Letras, Pedagogia e Engenharia de Produção.
Enquanto isso, um novo movimento já ensaiado e que pode se tornar realidade em breve no Brasil e no mundo é o sistema híbrido, que mescla o curso a distância com atividades presenciais. Esse modelo implicaria em aulas teóricas por transmissão on-line em tempo real e priorizaria toda a programação presencial somente para as disciplinas e atividades práticas.
Importância dos cursos profissionalizantes
Indo além das universidades, o ensino a distância também tem grande importância no segmento de cursos profissionalizantes, modalidade fundamental para quem busca aperfeiçoar habilidades e se especializar em diferentes áreas. Mais do que melhorar o currículo profissional, esse tipo de formação serve para promover e reciclar conhecimentos, aumentar as perspectivas de carreira e ensinar muito em pouco tempo.
Na prática, esse modelo de ensino diversifica as habilidades técnicas, mentais e cognitivas de profissionais, capacitando-os para enfrentar no dia a dia as diferentes situações que o mercado exige, ampliando suas competências e possibilidades ao longo da carreira. Segundo dados do Ministério da Educação, os cursos profissionalizantes tiveram um salto de quase 70% entre 2009 e 2014 no Brasil.