Estudo revela que 14% dos trabalhadores LGBTQIA+ se sentem apoiados no trabalho

Mais da metade dos profissionais ainda temem assumir sua identidade ou orientação sexual aos chefes e colegas de empresa e atrapalharem suas carreiras

Pauta cada vez mais frequente no mercado de trabalho, a diversidade vem ganhando espaço nas grandes e pequenas empresas no Brasil e no mundo, mas ainda enfrenta obstáculos e resistência. Prova disso é que apenas 14% dos trabalhadores LGBTQIA+ se sentem apoiados no ambiente corporativo, segundo um estudo anual sobre diversidade, produzido pela multinacional Accenture.

Intitulada “Getting to Equal 2020”, a pesquisa revela que, apesar de uma abordagem mais cuidadosa em relação ao tema e uma tendência maior do público em expor sua identidade, orientação sexual ou expressão de gênero, cerca de 55% dos profissionais LGBTQIA+ acreditam que ainda há efeitos negativos ao se declararem fora do padrão heteronormativo no trabalho. Ainda assim, 36% dos entrevistados brasileiros afirmaram ser “muito abertos” para se assumirem dentro da empresa, frente à média global de 31%.

Uma informação preocupante do relatório da Accenture é que a maior parte das empresas não garante um ambiente acolhedor e seguro para esses funcionários. Para 71% dos trabalhadores LGBTQIA+, a representatividade em cargos de liderança é fundamental para o seu desenvolvimento profissional, mas apenas metade dos colaboradores que se enquadram no movimento aspiram cargos de gestão em nível sênior no Brasil (enquanto, no mundo, esse número é ainda menor: 27%). 

A falta de respaldo das lideranças dentro de cada empresa faz com que somente 14% dos funcionários LGBTQIA+ se sintam realmente apoiados por seus chefes na hora de discutir questões sobre diversidade e apresentar condições mais igualitárias e receptivas dentro da empresa. Por sua vez, 68% dos líderes globais afirmam oferecer ambientes mais inclusivos para os seus colaboradores.

Discriminação e medo

Em meio a todos os dados apresentados, o estudo mostra por que muitos trabalhadores ainda se sentem desprotegidos em seus empregos. Ao serem questionados, 40% dos profissionais entrevistados afirmaram já terem sido discriminados por sua identidade de gênero ou orientação sexual por colegas de trabalho. Devido a isso, uma pesquisa do Center Talent for Innovation aponta que 61% dos trabalhadores LGBTQIA+ preferem não se abrir em relação ao tema no ambiente corporativo.

Empresas estipulam metas para 2021

Apesar de apenas 35% das empresas brasileiras possuírem um programa de diversidade e inclusão (D&I) (sendo que somente 28% criaram uma área específica para o tema), o cenário tende a ser mais otimista ainda neste ano. Isso porque 97% das companhias pretendem manter ou aumentar seus investimentos em D&I, apostando em estratégias mais igualitárias e de valorização dos profissionais LGBTQIA+.

Flexibilidade dos benefícios

Assim como a questão cultural e de diversidade e inclusão, outro tema bastante discutido em prol da valorização de funcionários é a facilitação do uso de benefícios corporativos. Ao contrário do modelo padrão de pacotes, muitas empresas vêm apostando em uma nova modalidade de benefícios flexíveis, que são aplicados de acordo com as necessidades de cada empresa e permitem a autonomia de gestão dos próprios colaboradores em um só aplicativo e cartão.