Marketing Político

Hora de reinventar o marketing político e eleitoral para 2020

No dia seguinte após a eleição, já fazem todas as avaliações possíveis sobre o que determinou derrotas e vitórias. Porém, as eleições de 2018 foram mais surpreendentes do que o normal. As variáveis que garantiram vitórias e derrotas são diversas e isso vai nortear a disputa eleitoral em 2020. Este é o primeiro de uma série de artigos que desejo escrever sobre o processo eleitoral de 2018 e o próximo, em 2020.

As Eleições 2018 foram marcadas pela internet, desde as tradicionais redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) até a onda do momento que é o WhatsApp. E não podemos deixar de falar das Fake News. Porém, algo muito maior está sendo ignorado: o discurso assertivo!

As diversas ferramentas foram essenciais, mas aqueles candidatos que tiveram êxito trabalharam seu discurso, suas ideias, suas propostas antes e durante a campanha eleitoral. Uma coisa é fato: Não se obtém resultado tendo apenas a rede social ativa na véspera da campanha, pois, quem teve êxito, fomentou suas redes sociais durante, no mínimo, dois anos.

Partindo do princípio Discurso versus Plataforma Digital, assistimos “comícios digitais”, isto é, lives com milhares de pessoas ouvindo seus candidatos. Se você quer ganhar a eleição em 2020, saiba que você vai precisar ter conteúdo e cultivar uma rede social bastante ampla. Ou seja, foque na pré-campanha desde já!

Outra lição que temos que fixar para 2020 é, justamente, entender que não se transpõe a campanha política off-line (na rua) para o digital. O segredo está no equilíbrio de ambas e ter um conteúdo específico para cada movimento. O que se coloca na rede não é o mesmo que se coloca no panfleto. Também, não existem milagres: se o candidato não colaborar e compreender estas duas técnicas (off e on), ele não irá decolar. Um exemplo prático foi o resultado de Henrique Meirelles, um candidato “analógico”, que não se adaptou à era digital e foi ultrapassado por Cabo Daciolo nas redes sociais e em sua votação.

Quando falamos em Internet versus Rua, devemos lembrar do básico da comunicação de uma campanha: “Posicionamento de marca”, saber o foco do candidato, a imagem que ele vai passar e, principalmente, suas propostas. Isso deve ser construído agora! Para isso, devemos ter um misto de Haddad e Bolsonaro. Um dos fatores determinantes da eleição de Bolsonaro foi seu posicionamento claro, mesmo desagradando diversos setores, e sua estratégia de defesa, que foi o ataque. Da mesma forma que Haddad cresceu ao segmentar seu público, criando um discurso específico para cada grupo, essa estratégia de Haddad conseguiu desconstruir Ciro Gomes que, apesar de ter um discurso persuasivo, tinha suas limitações de público. Ou seja, em 2020, o candidato vitorioso deve usar a estratégia de ter clareza em suas convicções, segmentar seu público e atacar as fraquezas de seu oponente. Arte da Guerra, pura! Sun Tzu foi digitalizado!

O ano de 2018 nos apresentou outra questão: não existe transferência automática de votos, da mesma forma que não existe acordo 100% fechado entre partidos políticos. Haddad não conseguiu vencer, pois Lula não obteve êxito na transferência de votos. E Alckmin fechou o cerco dos partidos, mas não obteve a fidelidade dessa base. 2020 não será um ano positivo para candidaturas governistas, da mesma forma que os candidatos a prefeito terão que articular, não apenas com partidos políticos, mas com seus integrantes e candidatos a vereador. Para isso, o candidato precisará de uma estratégia de comunicação clara que convença que ele sairá vitorioso no pleito, caso contrário, ele será abandonado como aconteceu com Alckmin. Agora, reflitam sobre como será a construção das chapas de vereadores e as campanhas de cada um deles. Sobre isso, tratarei em breve.

Chegamos a uma conclusão: todas as estratégias de marketing político e eleitoral não podem ser tratadas de formas isoladas, e os profissionais desta área deverão estar integrados com os movimentos estratégicos da campanha. Tudo isso começa no período pré-eleitoral, neste momento!

O desafio, em 2020, será a disputa dentro de um sistema antigo, com ferramentas digitais sem limites, com uma Justiça Eleitoral falha e com candidatos que compreendam esses fatores para que, juntos com suas equipes, possam ouvir a voz das ruas, entender a dinâmica do cenário político e, por fim, construir seu discurso.

Marcello Barbosa é jornalista e consultor em Marketing Político e Eleitoral. Atualmente é diretor da agência Floriano Comunicação Integrada, franqueado da agência Web4 Comunicação em Itaquaquecetuba e diretor do portal de notícias Região em Contexto.

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Este material é de responsabilidade de Marcello Barbosa