Países como Suécia e China puxam a fila da digitalização monetária e já lançaram suas moedas-piloto no início de 2021; Brasil tem projeto em andamento no Banco Central
De acordo com uma pesquisa da Bison Trails, startup norte-americana de blockchain (sistema de rastreio de transações em criptomoedas), cerca de 80% dos bancos centrais pelo mundo já pensam ou estão em processo de desenvolvimento de suas próprias moedas digitais, conhecidas como CBDCs (na sigla em inglês).
O estudo, cujo objetivo foi abordar as iniciativas em andamento pelo planeta e saber como as autoridades monetárias nacionais vêm se posicionando sobre o tema, revela ainda que 40% dos bancos centrais já realizam provas de conceito para viabilizar a introdução de criptomoedas nas economias locais. O texto reforça a ideia de que esses projetos visam proteger a soberania monetária global, tornando o modelo de criptoativos uma nova maneira de inovar e promover a inclusão econômica.
Um outro relatório, publicado pelo Deutsche Bank (maior instituição financeira da Alemanha), aponta que as moedas digitais devem, a longo prazo, substituir o dinheiro físico. Isso porque a utilização dos meios de pagamentos digitais vem se consolidando cada vez mais no mercado, e a pandemia, aliada aos bloqueios mundiais, só reforçou essa tendência nos últimos meses.
Desenvolvimento de criptomoeda pelo mundo
Enquanto a Estônia lidera a criação do euro digital, países como Suécia e China já tomaram a frente e lançaram suas próprias moedas-piloto no início de 2021. Na contramão desse processo, os Estados Unidos e a Europa de forma geral caminham a passos lentos, o que, segundo o estudo, pode forçar as empresas dessas regiões a adotarem moedas e políticas digitais de outras nações.
Apesar da lentidão, o estudo afirma que aderir rapidamente a esse modelo monetário pode ser uma grande oportunidade para os EUA, destacando que as pessoas que não pertencem ao sistema financeiro global podem se beneficiar da digitalização do dinheiro. No país norte-americano, cerca de 25% da população economicamente ativa se encontra nessa situação. No mundo, dois bilhões de pessoas não estão “bancarizadas”.
Criptomoedas no Brasil
Se, no mundo todo, vários países se movimentam a respeito do tema, no Brasil o Banco Central (BC) também já tem um projeto em andamento para digitalizar o real. Em declarações recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o real digital será voltado para “contratos digitais” e não deverá, ao menos no início, tirar as notas físicas de circulação. Enquanto o plano não sai do papel, especialistas discutem as diretrizes da CBDC brasileira e seu impacto na economia nacional.
O potencial das criptomoedas
A corrida para a criação de moedas digitais ao redor do planeta tem um porquê e gera curiosidade. Em parte, esse movimento global pode ser atribuído à alta demanda por bitcoins e outros modelos de criptoativos. Hoje, a capitalização do mercado cripto está avaliada em cerca de US$ 460 bilhões, um valor ainda considerado baixo em relação ao preço do ouro ou do próprio dólar, mas que chama a atenção pelo potencial de crescimento.
A grande vantagem de criptomoedas, como o bitcoin, em relação às moedas estatais centralizadas é que esse tipo de dinheiro digital tem como principal característica a descentralização, ou seja, sua utilização independe de um regulador central, tornando-o um modelo antifrágil e resistente à censura.