Estudo demonstra que a qualidade do sono do brasileiro é pior do que a média mundial. Especialistas alertam para a natureza prejudicial de alguns hábitos no que diz respeito ao sono, sendo o principal deles o uso de eletrônicos antes de dormir
Pesquisa promovida pelo Persono, uma empresa da Coteminas – grande fabricante de produtos têxteis para o segmento de cama, mesa e banho –, aponta que mais da metade dos brasileiros sofrem com distúrbios de sono. A média do Brasil é de 65%, enquanto, em todo o mundo, o índice se mantém em 45%.
Outro dado revelado pela pesquisa preocupa profissionais especialistas na qualidade do sono: 64% dos participantes do estudo utilizam aparelhos eletrônicos momentos antes de dormir. Para Andrea Bacelar, presidente da Associação Brasileira do Sono e médica neurologista, a semelhança entre os números não é mera coincidência.
A especialista explica que o uso de aparelhos eletrônicos no momento do descanso, antes de dormir, é um grande vilão na qualidade do sono dos brasileiros. Em um momento delicado, como o da pandemia, em que preocupações e problemas são exacerbados, isso pode se tornar uma questão ainda mais importante.
Muitos brasileiros têm problemas para dormir, mas não sabem, aponta pesquisa
O levantamento também evidenciou dados interessantes sobre a percepção dos brasileiros sobre suas próprias rotinas de sono. Ainda de acordo com a pesquisa do Persono, o número de pessoas que declaram dormir bem, apesar de acordarem cansadas, é de 58,7%. Além disso, 19,1% das pessoas entrevistadas têm horas insuficientes de sono, ou seja, menos de seis horas por noite.
Além disso, 18% dos entrevistados afirmam ter dificuldades para pegar no sono, demorando, em média, 30 minutos para adormecer completamente. Para Carlos Azevedo, diretor de ciência de dados da Coteminas e head do Persono, os brasileiros têm uma visão distorcida do que é uma noite de sono de qualidade: “Um outro dado preocupante é que cerca de 13,4% das pessoas que declaram dormir bem relatam algum problema de saúde que pode ter correlação com privação de sono, como diabetes, colesterol alto, hipertensão arterial, baixa imunidade ou estresse”.
Azevedo continua, ainda: “Esses achados corroboram estudos que mostram que pessoas privadas de sono por tempo suficiente acabam se acostumando com o cansaço diário, tomando-o como normal”.
Insônia: diagnóstico e impacto na saúde do indivíduo
Carlos aponta para os perigos que a insônia pode representar para a saúde de uma pessoa: “Em apenas uma noite, a simples redução para quatro horas de sono gera uma queda de 70% nas atividades de defesa do organismo, propiciando aumento das taxas de câncer de próstata, intestino e mama. A ciência vem evoluindo também na descoberta de uma relação cada vez mais próxima entre envelhecimento, demência e Alzheimer, diretamente ligados à má qualidade e quantidade de sono”, explica o especialista.
O diagnóstico da insônia depende muito da investigação dos hábitos de sono do paciente. Além disso, os profissionais podem contar com exames como estudo do sono, actigrafia e exames de sangue. Entre os tratamentos aplicados para melhorar a qualidade do sono, destacam-se as mudanças alimentares – como a diminuição da ingestão de cafeína, nicotina ou álcool – além da implementação de rotinas para dormir.
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