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Estudo aponta que mais de 5 milhões de crianças e adolescentes ficaram sem aulas em 2020

Sinal de alerta: números da evasão escolar no Brasil aumentam e se comparam ao início dos anos 2000

Segundo o estudo “Cenário da Exclusão Escolar no Brasil – Um Alerta Sobre os Impactos da Covid-19 na Educação”, viabilizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), a suspensão das aulas presenciais durante a pandemia fez com que mais de 5 milhões de crianças e adolescentes não tenham tido acesso à educação em 2020.

De acordo com a pesquisa, do total de alunos que ficaram sem estudar ao longo de 2020, quase 1,4 milhão de jovens entre 6 e 17 anos de idade abandonaram os estudos, o que representa 3,8% dessa população. Soma-se ao número de evasão escolar outros 4,1 milhões de crianças e adolescentes que ficaram o ano inteiro sem participar de nenhuma atividade, devido, principalmente, às dificuldades de acesso à internet e tecnologia para cumprirem os deveres em casa.

Para efeito de comparação, em 2019 o Brasil registrava aproximadamente 1,1 milhão de alunos dessa mesma faixa etária fora da escola, atingindo 2,7% dos estudantes do ensino fundamental ao médio. Desde 2016, quando esse percentual era de 3,9%, os números de crianças e adolescentes sem acesso à educação vinham em queda gradual.

Cenário preocupante

Para piorar, os dados mostram que o cenário atual da educação brasileira se compara aos registros do início dos anos 2000. A situação preocupante já ligou o alerta de vários órgãos, e a Unicef acredita que, se nada for feito para mudar o panorama, o Brasil poderá regredir 20 anos em pouquíssimo tempo no que diz respeito ao acesso escolar.

Ainda segundo o estudo, a maior incidência de evasão estudantil ao final do último ano se dá entre crianças de seis a dez anos de idade, representando 41% dos alunos fora da escola. A Unicef observa que esse era exatamente o grupo que o país já tinha conseguido zerar a exclusão escolar. A seguir vêm os alunos de faixa etária dos 15 aos 17 anos (31,2%) e dos 11 aos 14 (27,8%).

Números por região

Quando analisados os dados separadamente por região do Brasil, as maiores porcentagens de evasão escolar se dão nas áreas rurais do Norte e Nordeste do país. Ao todo, a região Norte viu 28,4% dos jovens de 6 a 17 anos de idade ficarem sem aulas em 2020, enquanto no Nordeste 18,3% desse grupo etário não tiveram acesso aos estudos. No Sul, Centro-Oeste e Sudeste, apenas 5,1%, 3,5% e 2,7% dos alunos, respectivamente, não estudaram.

Vale ressaltar, seguindo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que cerca de 70% das crianças e adolescentes que não participaram de nenhuma atividade escolar durante todo o passado são pretos, pardos e indígenas.

Os impactos da pandemia na educação

Restrições sociais, fechamento das escolas, dúvidas sobre o futuro. Foram vários os desafios para diretores das unidades de ensino e, principalmente, para os pais e familiares de alunos, que tiveram que contornar uma situação quase inédita no Brasil e no mundo. Diante de uma das piores pandemias da história, a educação foi um dos setores mais afetados, e a rotina de muita gente mudou drasticamente.

Os primeiros obstáculos vieram quando a necessidade de acelerar a digitalização das atividades escolares bateu à porta de profissionais que sequer utilizavam as redes sociais ou de alunos que não tinham acesso fácil à tecnologia. Por isso, enquanto a realidade da educação a distância foi encarada naturalmente por uns, criou grandes barreiras para outros.

Para quem pôde usufruir tranquilamente dos meios digitais, a rotina de estudos ganhou flexibilidade e novas modalidades. Em vez das aulas presenciais, muitos alunos passaram a consumir conteúdos on-line, em alguns casos, podendo acessá-los a qualquer hora do dia. Principalmente na rede privada, professores conciliaram atividades ao vivo com explicações gravadas, além de passarem exercícios práticos para serem feitos em casa, mantendo contato direto com os alunos via chat.

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