Crise financeira deixou ainda mais sério o fenômeno da inadimplência e da evasão escolar
Cursos no formato EAD (educação à distância), essenciais em diversos níveis educacionais, como para a realização de uma prova de títulos, por exemplo, podem receber algumas modificações. A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou incluir cursos de graduação e pós-graduação à distância no Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). Antes do projeto ser encaminhado para a votação em plenário, ainda será enviado às comissões de Finanças e Tributação e Constituição e Justiça.
Segundo o diretor de qualidade no EAD pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), Janes Fidélis Tomelin, a proposta oferece diversas vantagens aos estudantes, essencialmente àqueles pertencentes às classes C e D. “Porém mesmo com valores acessíveis ainda são desafiadores para este perfil de público”, explica. “Estamos falando de adultos trabalhadores, com família e divisão de renda que impossibilita o pagamento dos estudos e realização dos sonhos.”
Tomelin ainda aponta que o projeto traz uma democratização e torna acessível às classes menos favorecidas. “São cursos de qualidade, ofertados para qualquer classe social”, comenta. Ele ainda acrescenta que os números de evasão do ensino à distância têm sido mais altos quando comparados ao presencial, principalmente por conta de questões financeiras. “Além do financiamento estudantil, por que não oferecer aos estudantes de baixa renda a possibilidade de financiamento para recursos tecnológicos, como notebook e computadores?”. O diretor ainda mostra que é necessário políticas públicas novas que possibilitem o desenvolvimento de metodologias e tecnologias de ensino, ajudando na formação profissional.
O assunto já é discutido por associações há algum tempo, além de também atender a uma solicitação estudantil. Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Sólon Caldas, “A inclusão dos cursos de EAD no financiamento estudantil faz todo sentido, uma vez que estamos acompanhando um crescimento exponencial dessa forma de ensinar e aprender. Mas como esse projeto de lei ainda tem que passar por duas comissões na Câmara dos Deputados e ainda depende de sanção, teremos que aguardar um pouco mais para avaliar com profundidade”.
Ele ainda complementa que “a expectativa é que, a partir do próximo ano, o Ministério da Educação (MEC) reformule o regramento e acabe com essa dicotomia de presencial e EAD, aproveitando as possibilidades positivas que a pandemia nos trouxe no que diz respeito ao uso da tecnologia na formação do aluno”.
Taxa de evasão aumenta no EAD
Ainda segundo a realidade da educação à distância, o Censo da EAD, elaborado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), mostra que, durante a pandemia da Covid-19, a quantidade de matrículas nesse modelo de ensino cresceu 50%. Em contrapartida, 70% dos respondentes apontaram que a crise financeira deixou ainda mais sério o fenômeno da inadimplência e da evasão escolar.
O levantamento realizado pela associação consultou 51 instituições de ensino de quase todo o território nacional. Desse conjunto, 78,43% eram do setor privado; e 21,57%, do setor público. A pesquisa contou também com a participação de escolas de ensino fundamental e médio.