Tal marco consolida a presença feminina no Direito, uma tendência que vinha se desenhando ao longo dos últimos anos
De acordo com dados mantidos pelo quadro da advocacia do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o número de advogadas superou o número de advogados pela primeira vez na história, tanto em números totais quanto na avaliação de cada estado.
Em sua última atualização, o quadro da advocacia registrou 610.369 advogadas, contra 610.207 advogados. Segundo confirmação da OAB, essa é a primeira vez na história que os profissionais do Direito são representados em sua maioria por mulheres.
O Rio de Janeiro é a seccional com a maior disparidade, apresentando o total de 75.412 advogadas e 70.695 advogados. Outros estados que, historicamente, eram mais representados por homens também apresentaram maioria feminina, tais como Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Goiás, Mato Grosso e Rondônia.
A desigualdade de gênero e a advocacia
Para especialistas, a marca histórica veio em um momento propício. Há poucos meses, foi aprovada a proposta de paridade de gênero nas eleições da Ordem dos Advogados do Brasil. A medida tem como autora Valentina Jungmann, advogada e conselheira da OAB-GO.
A advogada destaca a importância e a urgência dessa medida: “para você ter uma ideia, apesar de a OAB ser considerada um sistema presidencialista, nós não temos uma advogada presidente das seccionais em nenhuma das 27 seccionais, e o mais interessante é que, se nós olharmos essa história de 90 anos, nós só tivemos nas 27 seccionais apenas dez presidentes de seccionais eleitas”, explica Jungmann.
Ela também reafirma o caráter histórico de tal medida: “em vários momentos essa ideia de ter mais igualdade na OAB, mais mulheres na OAB, foi ventilada. Todavia, essa ideia de paridade fundamentada no princípio constitucional da igualdade e a sistematização das mudanças, eu posso dizer que foi algo que tornou realidade um sonho já sonhado, uma ideia já pensada, mas ainda não sistematizada”.
A expansão do Direito e os desafios da automação
O aumento de profissionais mulheres demonstra também uma expansão do Direito como um todo, uma área que conta com mais profissionais a cada ano. Esse aumento reflete-se também no crescimento do número de processos judiciais, além de fazer necessária uma malha de comunicação integrada entre esses profissionais e seus clientes.
Um cenário como esse também demanda o uso de ferramentas de automação. Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que 77% das firmas de advocacia utilizam algum tipo de software jurídico para realizar a gestão de atividades.
Programas como esse têm se provado ferramentas muito úteis na rotina de advogados de todo o país, gerenciando aspectos da rotina de escritórios de maneira mais estratégica. Os advogados que utilizam softwares jurídicos podem, por exemplo, controlar fases de processo, monitorar termos em Diários Oficiais de maneira automatizada, organizar agenda e controlar aspectos financeiros do negócio.