Mães são as mais afetadas pelo confinamento e têm que dividir o tempo entre as crianças e os empreendimentos
A pandemia foi um marco na vida dos brasileiros. A doença, a desigualdade, o desemprego e a fome afetaram o país como um todo, mas quem mais sofreu com a situação foram as mulheres. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram quase 8,5 milhões de mulheres que perderam os empregos no período. Além disso, com crianças em casa, aulas on-line e a rotina de procurar emprego ou empreender, as mais de 11,5 milhões de mães solo, no Brasil, também sofrem com a sobrecarga mental e física de serviços de casa e cuidados com membros da família.
Nesse cenário, metade das mulheres ficaram responsáveis por alguém (filhos, idosos e/ou deficientes) durante a pandemia, além de 72% afirmarem que aumentaram os cuidados e a necessidade de monitoramento de alguém no período, de acordo com a pesquisa “Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, realizada pela Gênero e Número e a Semprevida Organização Feminista (SOF). Além disso, antes da pandemia, as mulheres já dedicavam 78% mais tempo aos serviços domésticos.
Apesar de todas as dificuldades, muitas mães conseguiram superar os problemas e empreender em meio à pandemia com os filhos. Neste Mês das Mães, confira histórias de mães que driblaram as dificuldades, tornaram-se empresárias e, hoje, fazem sucesso.
Laura López e Claudia Kiriyama – Turquesa Esmalteria & Beleza
Laura López e Claudia Kiriyama são mães e empreendedoras. As duas se conheceram numa rede de laboratórios e, depois de compartilharem a vontade de ter mais tempo com os filhos, decidiram empreender. Laura já tinha tido dois negócios que deram errado, mas não havia desistido do sonho. As duas, então, se juntaram e transformaram um salão de beleza em uma rede de esmalteria com mais de 70 lojas. A rede oferece uma experiência que estimula os cinco sentidos dos clientes, tornando mais que uma simples ida ao salão. Durante a pandemia, a Turquesa Esmalteria aderiu a todos os critérios de segurança, para manter a experiência dos clientes e continuar funcionando, e fechou o ano com um faturamento de R$ 9 milhões.
Daniela Repolês – Giralook
Daniela Repolês, com a ajuda do marido Adriano Pereira, apostou na criação de um brechó infantil, a Giralook. Em meados de 2015, ambos viajaram para os EUA e investiram cerca de R$ 1 mil em roupas para crianças. Os produtos encalharam, e só conseguiram vender em um brechó. O resultado foi tão rápido que resolveram investir na ideia. É a primeira vez que Daniela empreende e, segundo ela, é fundamental ter disciplina e ter determinação em um negócio. “Temos uma filha de três anos, e a rotina de mãe é quase a rotina de uma super-heroína. Temos que planejar o dia para sobrar tempo para a Isadora e para os negócios. Planejamento é fundamental”, finaliza.
Paula Takahashi – Tanabata Kids
Foi inspirada na rotina com as crianças que Paula Takahashi teve a ideia de criar a Marcenaria Tanabata Kids, em 2016, ao lado do marido. A mãe da Rebeca, do Noah e do Ethan conta que, apesar dos estudos acadêmicos e da experiência como professora de Educação Infantil e de Ensino Fundamental, foi na maternidade que percebeu a real importância das brincadeiras no universo infantil. A vivência e a observação atenta ao desenvolvimento das crianças fizeram Paula investir na criação e na produção de móveis e brinquedos de madeira que estimulassem um brincar livre e criativo. Com as crianças em casa, por conta da pandemia, essa demanda cresceu ainda mais, pois os pais sentiram a necessidade de proporcionar ambientes mais adequados, divertidos e versáteis aos pequenos. Ressaltando a importância de estar presente na criação dos filhos, Paula conta que o propósito maior, por trás de seus produtos, é o de formar crianças plenas por meio do brincar.
Alcimar Moretti – Slide Portas
Com dois filhos e três empresas, Alcimar Moretti tornou-se uma franqueada da Slide Portas em 2020, mas já era empreendedora bem antes disso. Há 20 anos, ela e o marido começaram uma empresa no setor de eventos, porém, com a pandemia e o cancelamento ou adiamento de grande parte do seu trabalho, Alcimar teve que se reinventar. Da vontade de oferecer um negócio alternativo para os dois filhos e uma saída para a crise, buscou uma nova fonte de renda nas franquias. Ela conta que, para começar a empreender e a lidar com a rotina de cuidados com os filhos, precisou de muita ajuda da família, mas que é mais fácil se você é dona do próprio negócio pela flexibilidade dos horários. Hoje, com os filhos maiores e três empresas – a franquia da Slide Portas, uma empresa de eventos e uma de locação de equipamentos –, Alcimar conta que o grande desafio é a dedicação aos filhos e à carreira, mas aconselha a não desistir. “Mãe é sempre mãe, ainda hoje tenho que dar atenção para eles. Quando eram pequenos, era mais difícil com a organização e horários, mas sempre vou dar atenção para eles independentemente da idade”, finaliza.
Estefânia Garutti – Grupo ZNTT
A psicóloga Estefânia Garutti, com o marido Bruno Zanetti, resolveu apostar na criação de um negócio de alimentação, a Mordidela. Em meados de 2015, ambos montaram a lanchonete, que depois virou uma rede de franquias com mais de 60 operações. “A expansão foi tão forte que chegamos a mais de 30 unidades em dois anos”. Dessa experiência, nasceu o Grupo ZNTT, que faturou R$ 150 milhões em 2020 e, hoje, é dono das marcas das franquias Vida Leve, TFlow, Respeita Minha História, Bem Seguros e Créditos e LessTax. “Com dois filhos, uma menina de 10 anos e um menino de 7, foi difícil conciliar a vida de mãe e empresária. Mas o nosso negócio nasceu, justamente, porque tínhamos essa vontade de passar mais tempo com eles”, explica.
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