Diante de uma das maiores crises sanitárias já vistas, com a superlotação dos hospitais públicos e privados em todo o país, cerca de 25,5 milhões de brasileiros sofreram com o aumento de até 50% nos valores de plano de saúde no início de 2021. Já prevista desde o ano passado, a alta nos preços se deve às cobranças retroativas de reajustes, suspensos em 2020 justamente por causa dos desdobramentos econômicos da pandemia de Covid-19.
A medida foi anunciada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que determinou o interrompimento dos reajustes dos planos individuais e coletivos entre os meses de setembro e dezembro do ano passado. Com isso, a partir de janeiro, as operadoras foram autorizadas a retomar as cobranças para recompor os valores, em parcelas iguais de até 12 vezes.
Isso tudo acabou gerando um aumento médio de 12,21% a 49,81% nos preços de assistência médica, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Porém, há casos em que os valores chegaram a subir até 113%, de acordo com dados consolidados do Procon-SP. Para o próprio Idec, os dados oficiais apresentados são considerados mais conservadores e podem não refletir necessariamente as possíveis distorções do mercado.
Vale lembrar que essa readequação de valores é feita anualmente pelas operadoras, geralmente no aniversário da contratação dos serviços. Além disso, todo plano de saúde possui um outro tipo de reajuste, baseado na faixa etária dos beneficiários. Quando o cliente atinge um determinado grupo, a mensalidade aumenta no mês do seu nascimento. Ambas as variações de preço fizeram parte do congelamento estabelecido pela ANS em 2020.
Ao separar os valores de readequação retroativa por tipo de contrato, usuários com planos individuais ou familiares sofreram com um aumento de 12,21% na mensalidade a partir de janeiro de 2021. Para aqueles que ainda tiveram o acréscimo referente à mudança de grupo etário, o preço da mensalidade subiu até 34,99% neste começo de ano.
Entre os planos coletivos, o aumento foi ainda maior. Os contratos empresariais ficaram 26,67% mais caros devido aos reajustes anuais e subiram 49,81% para quem mudou de faixa etária. Convênios por adesão tiveram 26,67% e 49,87% de aumento, respectivamente. Vale destacar que os contratos coletivos não têm os reajustes regulados pela ANS.
Em meio a uma crise sem precedentes e vendo as contas chegarem cada vez mais altas, o consumidor muitas vezes não sabe como reagir. Muitos, no entanto, têm feito denúncias formais para tentar reverter a situação. Somente no primeiro mês de 2021, o Procon-SP registrou 962 reclamações a respeito dos reajustes dos planos de saúde, 10.000% a mais em relação às queixas formalizadas no mesmo período um ano antes.
Por sua vez, órgãos de defesa do consumidor, como o próprio Procon-SP e o Idec, vêm manifestando preocupação pelo aumento dos preços praticados pelas empresas de saúde e até mesmo recorrendo à justiça para tentar impedir ou reduzir a cobrança retroativa dos valores congelados em 2020. O Procon afirma que as operadoras não justificaram o aumento das mensalidades, bem como não comprovaram negociação bilateral, indo à contramão das regras do Código de Defesa do Consumidor.
Enquanto a situação não é resolvida no âmbito legal, muitos brasileiros podem encontrar novas soluções no mercado a preços mais acessíveis, como os serviços de startups focadas na área da saúde. As famosas healthtechs são uma interessante alternativa para quem não tem plano de saúde ou pensa em abandonar o convênio em busca de um serviço mais em conta e com qualidade e segurança garantidas.
Cada vez mais consolidado no Brasil, esse mercado conta com 542 empresas, frente às 248 no ano de 2018 (crescimento de 118%), que se apresentam com um modelo mais moderno e tecnológico para cuidar da saúde das pessoas. Dentre os seus principais serviços, as healthtechs se destacam por trabalhar com: telemedicina, agendamento on-line de exames e consultas, acompanhamento médico em tempo real e descontos em farmácias.